RESUMO
A pesquisa que ora apresentamos trata-se de uma reflexão teórica acompanhada de uma ação de ordem prática sobre a elaboração do projeto de figurinos assinado por Sophia Jobim (1904-1968) para o filme Sinhá Moça (1953). O roteiro do filme foi adaptado do romance homônimo, publicado em 1950 por Maria Dezonne Pacheco Fernandes (1910-1998), e adaptado para o cinema como um projeto épico nacional de um drama histórico, tendo como pano de fundo a campanha abolicionista, entre os anos de 1886 e 1888. Já sabíamos da participação de Sophia Jobim como figurinista para o referido filme, mas não tínhamos conhecimento do projeto em si. A partir do filme em preto e branco (p/b), que está disponível na internet, passamos a questionar quais seriam as possíveis cores dos trajes que aparecem em tons de cinza na tela. Também tomamos contato com um documento arquivado no Museu Histórico Nacional – MHN contendo os rascunhos desse projeto em folhas de cadernos escritas à mão e à lápis, descrevendo partes do vestuário. Somamos a isso páginas copiadas de um livro sobre a indumentária referente à moda vitoriana, entre os anos de 1867 e 1898 (BLUM, 1974), que também fazem parte do acervo documental de Sophia legado ao MHN, após a morte dela em 1968. Tudo isso serviu como motivador para elaborarmos o projeto de figurinos para o filme Sinhá Moça. No entanto, percebemos que com tantos figurinos usados no filme que serviu de base, isso seria muito ambicioso para uma pesquisa de mestrado. Por isso, optamos por fazer um recorte metodológico para dar conta dos treze figurinos usados por Eliane Lage (1928), atriz que interpretou a personagem-título, a partir da observação de cenas do filme em p/b. Entendemos nossa pesquisa como do tipo histórica (SANTOS, 2018), uma vez que lidamos com duas épocas: final do século XIX (quando a trama foi ambientada) e meados do século XX (quando o filme foi realizado). Isso é importante, no âmbito do design de figurinos, na medida em que numa produção realista, como era o filme Sinhá Moça, as silhuetas, a moda e os costumes da década de 1880 precisavam ser seguidos, mas os recursos tecnológicos dos anos 1950 são considerados, sob o risco de cometermos anacronismos. Durante o desenvolvimento da pesquisa, elaboramos uma escala de tons de cinza correspondendo à uma cartela de cores a fim de finalizarmos o projeto com os treze figurinos desenhados para a personagem-título do filme.
Palavras-Chave: Figurino, Indumentária Histórica, Cartela de Cores, Moda Vitoriana, Cinema Industrial Paulista.
Fonte de pesquisa
Dissertação em PDF