Dissertação de mestrado, defendida em agosto de 2019
Um paradoxo no campo do design: ao mesmo tempo em que ele se apóia na autonomia criativa e na produção de objetos e imagens que colaboram para o bem estar das pessoas, os designers estão submetidos também a condições sobre as quais não têm controle, circunstâncias materiais e ideológicas que mais atendem e alimentam o sistema econômico do que se preocupam com os problemas e complexidades da sociedade. Teorias hegemônicas do design acabam criando ideias de soluções universais, porém a percepção sobre algo é determinada pela cultura.
O mercado, por meio dos sistemas de comunicação, cria modelos culturais com intenção de promover uma lógica de consumo que gera consequências negativas para o ambiente e a vida das pessoas. O design visual não é mero instrumento da economia do desperdício, catálogo de modelos ou resultado apenas de recursos tecnológicos e digitais, desenvolvido por gênios criativos; ele não é um inocente produto de decoração ou entretenimento. Insere-se num sistema mais amplo, social e político: o design visual é resultado de uma condição e de uma fala histórica. Ele sugere significados, valores e comportamentos; dá forma concreta a ideias e ideologias.
Porém, tais ideias estão submetidas a forças sociais que determinam as tomadas de decisão e que atendem, na sua maior parte, a uma cultura dominante, a qual prioriza a manutenção de seus valores e as demandas mercadológicas. Investiga-se como encontrar uma prática de design mais humanista, crítica e consequente, mais livre de padrões hegemônicos, e que responda às especificidades das identidades culturais.