Projeto de Pesquisa
O verdeamarelismo nas manifestações pró-impeachment de 2016
Valdirene Martos da Silva
02/04/2020
Dissertação de mestrado com previsão de defesa para dezembro de 2020
Considera-se para esse estudo a categoria verdeamarelismo que Marilena Chauí (2001) concebe como elaboração da classe dominante brasileira ao longo dos anos, ligada ao processo histórico de “invenção da nação”. A princípio, pretende-se utilizar o instrumental da semiótica para a análise do material visual dessas manifestações como hipótese indicativa da continuidade do verdeamarelismo nos atos pró-impeachment.
Para guiar esta análise, buscou-se as bases históricas apontadas por Chauí, que apresenta dois fenômenos significativos desse processo de invenção. Inicialmente, tem-se a ideia de “caráter nacional”, em que a classe dominante constrói a imagem de um Brasil “essencialmente agrário”, donde sobressai a exaltação da natureza e do “tipo nacional” ordeiro e pacífico. Essa ideia contribui para consolidar a hegemonia dos proprietários de terra durante o Império e início da República Velha, num país historicamente articulado ao sistema colonialista. A seguir, após o período de industrialização, quando surgia a ideologia do nacionalismo desenvolvimentista, que pretendia alçar o país à condição de economia capitalista independente, surge a ideia da “identidade nacional”. Nesse momento, o verdeamarelismo ressurge como fruto da ação do Estado, promovendo a imagem verde-amarela na afirmação da unidade entre Estado e nação.
No contexto estudado entende-se o papel fundamental da cultura, por meio da qual consolida-se a ideia de nação como um signo com poder simbólico que assegura o sentimento de comunhão e unidade a uma sociedade dividida em classes. As imagens das manifestações pró-impeachment propagaram-se como representação da vontade nacional, apesar de terem sido articuladas pela classe média. Ao trazer o verdeamarelismo, materializado pela camisa da seleção brasileira de futebol e pela bandeira nacional,essas manifestações fizeram emergir o sentimento nacional de amor à nação, mascarando a hegemonia das classes dominantes.